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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Nino Rota e Fellini - Uma parceria como poucas

 

Carlos Augusto Brandão para a Italiamiga
O compositor Nino RotaO compositor italiano Nino Rota teria feito 90 anos no último dia do ano que passou. Ele não está mais entre nós, mas sua música permanece como uma das mais belas e eternas da história do cinema. Rota nasceu em Milão em 1911 e, criança prodígio, com apenas 11 anos compôs um oratório - A Infância de São João Batista. Após completar seus estudos na Academia de Santa Cecília de Roma, ele escreveu sinfonias, óperas, diversos concertos e trilhas de balé antes de chegar ao cinema, com 22 anos, onde permaneceu até sua morte aos 68 anos em 1979. Sua primeira trilha foi para o filme Treno Popolare, de Raffaelo Matarazzo de 1933. Mas seu primeiro grande sucesso foi a trilha para Noites de Cabíria em 57, uma das diversas obras primas de Federico Fellini, sobre a história tocante da prostituta Cabíria, seus sonhos, suas ilusões e desapontamentos. Cabíria sonha com o príncipe encantado, mas continua vivendo na marginalidade cercada de gigolôs. A trilha de Nino Rota conseguiu captar à perfeição toda a desilusão de Cabíria e também a poesia que envolve o filme. Em 60, Rota teve outro grande sucesso com a trilha para o filme A Doce Vida, também de Fellini, com quem fez uma das dobradinhas diretor/compositor mais perfeitas da história do cinema, iniciada em 52 com O Sheik Branco e que perdurou até 79, com Ensaio de Orquestra. A Doce Vida é um clássico do cinema marcado pelo desempenho inesquecível de Marcello Mastroianni, pela cena em que Anita Ekberg se banha na Fontana di Trevi e também pela música marcante de Nino Rota.
Rota foi diretor do importante Conservatório de Bari por 37 anos. Suas trilhas são caracterizadas por uma grande simplicidade e geralmente possuem uma linha melódica que fica guardada na memória das pessoas. Trabalhou com grandes diretores do cinema, como King Vidor (Guerra e Paz), Visconti (O Leopardo) e Zefirelli (Romeu e Julieta) , mas seus trabalhos mais notáveis certamente foram com Fellini com quem fez Boccacio 70, A Estrada, Os Boas Vidas, Satyricon, Oito e Meio, Julieta dos Espíritos e especialmente Amarcord, onde nos brindou com uma das músicas mais belas e nostálgicas do cinema . Em 74, a Academia de Hollywood rendeu-se ao talento de Rota, dando a ele o Oscar pela trilha musical de O Poderoso Chefão II, premiando uma carreira memorável que inclui ainda clássicos como Obsessão e Rocco e seus Irmãos, entre outros. Sua última trilha para o cinema foi para o filme Ernesto, de Salvatore Samperi, feita juntamente com Carmelo Bernaola. Muitos diretores, no entanto, continuaram - e certamente ainda continuarão - utilizando as canções de Rota em seus filmes : este foi o caso de Almodóvar em Labirinto de Paixões, do próprio Fellini em A Entrevista e de Francis Ford Coppola em O Poderoso Chefão III, repetindo o sucesso que a música do extraordinário compositor tinha dado à sua trilogia. Em novos filmes e nos antigos, a música de Rota permanecerá sempre na cabeça dos cinéfilos em momentos comoventes como - só para citar alguns - a cena final de Oito e Meio, com os personagens se movendo num picadeiro ao som de sua música ou nas lembranças da infância de Fellini, embaladas pelas notas personalíssimas de Rota em Amarcord.

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